"Ser marxista é, antes de mais nada, ser anticapitalista, ou seja, lutar pela construção de uma sociedade sem classes, que suprima a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos grandes meios de produção, criando condições para que as relações entre os homens sejam fundadas na solidariedade e não no egoísmo do mercado. Claro, ser marxista não é repetir acriticamente tudo o que Marx disse. Marx morreu há cerca de 120 anos e muita coisa ocorreu desde então. Mas, sem o método que ele nos legou, é impossível compreender o que ocorre no mundo. Ele nos disse que o capital estava criando um mercado mundial, fonte de crises e iniqüidades, e nunca isso foi tão verdadeiro quanto no capitalismo globalizado de hoje. Falou também em fetichismo da mercadoria, na conversão do mercado num ente fantasmagórico que oculta as relações humanas, e nunca isso se manifestou tão intensamente quanto em nossos dias, quando lemos na imprensa barbaridades do tipo 'o mercado ficou nervoso'." (Carlos Nelson Coutinho)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

PCdoB: 90 anos



No dia 25 de março, o PCdoB - Partido Comunista do Brasil, comemorou 90 anos de luta pelo socialismo e pelos direitos dos trabalhadores. Já fui militante desse partido, durante meus tempos de segundo grau, época que participei do movimento estudantil secundarista. O PCdoB organizou a Guerrilha do Araguaia, nos anos 70, que lutou contra a ditadura militar fascista para estabelecer um regime socialista no país. Justamente por isso, me filiei a esse partido em abril de 1993, uma vez que nos tempos de adolescência, era apaixonado pela resistência armada contra a ditadura. Entretanto, acabei saindo do partido devido a forte influência stalinista ainda existente.

O PCdoB era o principal defensor do stalinismo no Brasil, inclusive afirmava que a bizarra ditadura de Enver Hoxha, na Albânia, era o "farol do socialismo".

Com a queda da ditadura albanesa e o fim da URSS, em 1991, o PCdoB realizou o seu 8º Congresso Nacional em 1992, onde sem assumir posição anti-stalinista, deixou de se declarar stalinista.

"Não somos stalinistas. Tampouco, somos anti-stalinistas. Avaliamos a figura de Stalin no plano histórico. Ele esteve, juntamente com o Partido Bolchevique, à frente das grandes batalhas pela transformação radical do velho mundo capitalista. Nesses embates, a par dos méritos incontestáveis, mostrou falhas e deficiências, cometeu erros que prejudicaram a causa do proletariado." (João Amazonas; Informe Político do 8º Congresso do PCdoB) 

Sempre fui anti-stalinista, e a recusa do partido em condenar Stalin, limitando-se a reconhecer que esse tirano assassino cometeu "erros", me levaram a sair em janeiro de 1995. E nesse mesmo ano de 1995, o PCdoB aprovou um novo programa, onde adotou o "socialismo de mercado". Desde então, assumiu uma postura pragmatica. Tornou-se o principal aliado do PT, apoiando incondicionalmente o governo Lula, chegando inclusive a defender os senadores Renan Calheiros e José Sarney, afirmando que os ataques contra eles partiam da "direita golpista" para atingir o presidente Lula. E agora no governo Dilma, o PCdoB se viu envolvido em corrupção na pasta dos esportes.

Por isso, apesar de reconhecer seu importante papel na resistência contra a ditadura militar fascista, assim como seu pioneirismo na defesa do socialismo em nosso país, não tenho muito respeito pelos "stalinistas enrustidos" do PCdoB. Com uma esquerda assim, a direita faz a festa.

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