"Ser marxista é, antes de mais nada, ser anticapitalista, ou seja, lutar pela construção de uma sociedade sem classes, que suprima a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos grandes meios de produção, criando condições para que as relações entre os homens sejam fundadas na solidariedade e não no egoísmo do mercado. Claro, ser marxista não é repetir acriticamente tudo o que Marx disse. Marx morreu há cerca de 120 anos e muita coisa ocorreu desde então. Mas, sem o método que ele nos legou, é impossível compreender o que ocorre no mundo. Ele nos disse que o capital estava criando um mercado mundial, fonte de crises e iniqüidades, e nunca isso foi tão verdadeiro quanto no capitalismo globalizado de hoje. Falou também em fetichismo da mercadoria, na conversão do mercado num ente fantasmagórico que oculta as relações humanas, e nunca isso se manifestou tão intensamente quanto em nossos dias, quando lemos na imprensa barbaridades do tipo 'o mercado ficou nervoso'." (Carlos Nelson Coutinho)

domingo, 22 de abril de 2012

Os socialistas do PSOL




O PSOL - Partido Socialismo e Liberdade, fundado em junho de 2004 e legalizado em setembro de 2005, é claramente um partido de esquerda, baseado no pensamento marxista. Mas ao contrário dos adeptos do autoritário modelo bolchevique, o PSOL permite o direito de tendências permanentes se organizarem no partido, motivo pelo qual existem no partido, tendências e personalidades trotskistas, luxemburguistas, castristas, eurocomunistas, "trotskistas-cristãos"(caso de Heloisa Helena), católicos de esquerda(adeptos da Teologia da Libertação), e até mesmo anarco-comunistas.

Claro, ao mesmo tempo que isso garante uma concepção democrática de partido, também faz do PSOL, um verdadeiro balaio de gatos. Por exemplo: alguns defendem que as alianças sejam restritas ao PSTU e ao PCB, outros defendem a ampliação dessa aliança a outros partidos de esquerda. Uns defendem um partido voltado para a "ação direta das massas populares", de caráter esquerdista e sectario, outros defendem um partido apto a disputar o processo político e chegar ao poder, em nome da defesa dos trabalhadores e do socialismo.

Com tantas correntes, é difícil afinar um discurso homogêneo, mas todos os militantes do PSOL concordam em um ponto: é preciso implantar um regime socialista no Brasil o quanto antes. "Achamos que não há condições de fazer isso agora, mas um bom jeito de começar a transição socialista seria reestatizar a Vale do Rio Doce e expulsar o capital privado da Petrobras", diz o presidente da Fundação Lauro Campos(orgão de pesquisas do partido), Roberto Robaina.

O PSOL é o autêntico partido da esquerda socialista e democrática no Brasil. Apesar das correntes trotskistas, como a LSR, CST, MES, ENLACE, e CSOL, assim como de personalidades mais "radicais", como Heloisa Helena e Plínio de Arruda Sampaio, existe no partido um setor lúcido que busca realmente construir o socialismo com liberdade em nosso país. É o caso da corrente APS, do deputado federal Ivan Valente, e de personalidades como Carlos Nelson Coutinho, Milton Temer, Marcelo Freixo, Chico Alencar, Jean Wyllys, Paulo Pinheiro, e Eliomar Coelho.

Claro, esse partido possui erros como defender uma política sectária, reduzindo as alianças praticamente ao PCB e ao PSTU, e fazer uma oposição desleal ao governo Dilma Roussef, classificando-o como neo-liberal(tudo bem que o governo Dilma não é socialista, nem mesmo social-democrata, mas também não é neo-liberal. O governo Dilma é um governo social-liberal de caráter nacional-desenvolvimentista, situado a centro-esquerda do espectro político). Mas fora esses erros, é um partido que tem demonstrado ser possível uma alternativa democrática e socialista.

Essa alternativa também é representada na Itália, pelo Partido da Refundação Comunista. Na Holanda, pelo Partido Socialista. Na Alemanha, por Die Link(A Esquerda). Em Portugal, pelo Bloco de Esquerda. Na Grécia, pela Coalizão da Esquerda Radical. E no Japão, pelo Partido Comunista Japonês.

Um comentário:

  1. Devemos ser oposição ao governo Dilma, mas de forma leal e propositiva. Esse governo não nos representa, mas também não é neo-liberal, como era o governo demo-tucano de FHC. Como socialistas não devemos apenas criticar e denunciar o capitalismo, mas apresentar propostas reformistas de caráter revolucionário, pois essas reformas indo contra os interesses da burguesia, devem possibilitar a construção processual do socialismo com liberdade em nosso país.

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